Recuo na nova tarifa do aço imposta pelos EUA é considerado possível
Sobretaxa dos EUA sobre aço e alumínio brasileiros preocupa indústria, pressiona comércio bilateral e acende alerta para risco de recessão
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A decisão dos Estados Unidos de elevar para 50% a tarifa de importação de aço e alumínio preocupa o setor industrial brasileiro e já gera expectativa de que a medida possa ser revista nos próximos meses.
A avaliação é do Instituto Aço Brasil, que aponta a falta de capacidade da indústria americana para suprir, de forma imediata, a demanda por aço bruto no país.
Segundo o instituto, a sobretaxa pode acabar pressionando a economia dos EUA e comprometer a atividade de setores industriais que dependem do insumo.
Em 2024, os EUA importaram 5,6 milhões de toneladas de placas de aço, sendo 3,4 milhões do Brasil — mais de 60% do total utilizado pela indústria americana, segundo dados da entidade. A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump, é vista como protecionista e contrária à lógica do comércio internacional.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), que também representa a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) no tema, avalia que a taxação pode prejudicar as exportações brasileiras e desequilibrar a balança comercial do setor.
O consultor empresarial Durval Vieira de Freitas, da DVF Consultoria, reforça a análise. Para ele, os efeitos da taxação não devem ser imediatos, mas podem mudar dependendo da reação do mercado americano. “Se os EUA não conseguirem atender à própria demanda ou enfrentarem turbulências econômicas, o cenário tende a mudar. Há margem para revisão da medida”, afirma.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, criticou a decisão dos EUA, classificando-a como prejudicial para todos os envolvidos.
Alckmin disse que medidas protecionistas semelhantes adotadas durante o primeiro mandato de Trump resultaram em uma redução significativa nas importações e não alcançaram os objetivos pretendidos.
Saiba Mais
Risco de recessão nos EUA
Desaceleração na indústria
A intensificação das tarifas sobre o aço importado nos Estados Unidos eleva a perspectiva de uma recessão no País motivada pela desaceleração do ritmo industrial no curto prazo, devido à falta de insumo.
É como avalia o professor e coordenador do curso de Relações Institucionais da Universidade de Vila Velha (UVV), Daniel Carvalho.
No entanto, ele ressalta que ainda é cedo para falar se haverá realmente uma recessão, já que tudo depende da manutenção dessas políticas no longo prazo.
”Mas ela contribui para isso, porque ela ajuda a formar uma 'tempestade perfeita', gerando uma pressão inflacionária na economia americana devido aos produtos externos mais caros”, diz.
Carvalho explica que a mudança de produção interna, para atender à demanda por aço, não é feita do dia para a noite, representando um processo demorado que, no meio tempo, pode provocar pressão inflacionária.
”Não é que esse aumento vá causar uma recessão, mas ela faz parte de um pacote, de um conjunto de coisas”, finaliza.
Dados
No ano ado, os Estados Unidos importaram 5,6 milhões de toneladas de placas de aço, sendo 3,4 milhões de toneladas provenientes do Brasil, segundo o Instituto Aço Brasil, que representa as indústrias do setor em todo o País.
O montante brasileiro equivale a mais de 60% do aço consumido pela indústria americana durante o ano, o que ressalta a importância das exportações para o país e a forte balança comercial com o Brasil.
Para o instituto, é importante a atuação do governo federal para o reestabelecimento dos acordo bilateral.
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