“Bortoleto precisa saber controlar melhor a corrida”, diz Felipe Giaffone
Comentarista da TV Tribuna/Band elogia classificatórias do piloto brasileiro, mas aponta inexperiência como desafio
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Felipe Giaffone é um dos nomes mais respeitados do automobilismo brasileiro, sendo o piloto com o maior número de títulos na história das competições de caminhões, além de sua atuação como comentarista das transmissões de Fórmula 1 e Stock Car na TV Tribuna/Band.
Nesta semana, ele participou do podcast Tribuna Esportes, no estúdio multimídia do portal Tribuna Online, onde comentou sobre diversos assuntos do meio.
Entre eles, Copa Truck, as mudanças recentes na Stock Car com a chegada dos SUVs, o atual momento da Fórmula 1 — destacando o domínio da McLaren, a fase de Lewis Hamilton, Gabriel Bortoletto, além de temas futuros, como o regulamento de 2026 e as expectativas para o GP do Canadá.
A TRIBUNA - Como tem sido liderar a Copa Truck, mas ainda sem vitória?
FELIPE GIAFFONE - Eu venci os dois últimos campeonatos: o primeiro foi meio inesperado; o segundo, do ano ado, foi legal. E, neste ano, estou liderando meio por acaso, para falar a verdade. É um caminhão que ainda precisamos acertar em alguns detalhes.
Já estou há muitos anos na Truck, ganhei e perdi bastante. Então, sabemos que, para vencer, é preciso estar com o equipamento no ponto e nos dias bons. Este ano ainda não casou, mas acredito que, para Tarumã, neste próximo fim de semana, estarei melhor.
A TRIBUNA - Falando sobre Stock Car, a gente viu essa grande mudança no regulamento esse ano. Na prática, o que mudou com a troca dos sedãs pelos SUVs?
FELIPE GIAFFONE - Não mudou nada, porque o carro da Stock, de baixo, é uma gaiola feita para a competição. Ela tem uma estrutura que foi desenvolvida pela ArcelorMittal junto com a categoria, e teve uma evolução enorme do que era, também na parte de segurança e de novos materiais no novo carro.
A TRIBUNA - E a possibilidade de utilização da asa móvel, vai ser similar ao que acontece na Fórmula 1 ou o impacto é um pouco menor?
FELIPE GIAFFONE - Vai funcionar como na Fórmula 1, com o carro de trás a um segundo pra poder usar. Só que o efeito não é tão grande quanto na F1, porque o carro é de turismo. A ideia é juntar a asa com o push to , aí sim vai fazer bastante diferença. É caro e complexo de implantar, mas é um ganho pro campeonato.
Com relação à F-1, o que as equipes podem fazer para tentar alcançar ou superar a McLaren, que está dominando?
Para mim, o título já é da McLaren, entre o Piastri e o Norris. As outras equipes estão tentando entender como eles mantêm a temperatura dos pneus traseiros mais fria, que é onde ganham vantagem.
Mesmo que descubram, já vai ser tarde porque a diferença no campeonato é muito grande. Vamos torcer para que eles achem o “pulo do gato”, daí vão começar a ter uma Ferrari e um Verstappen mais próximos, às vezes uma Mercedes.
A TRIBUNA - E criou-se uma expectativa no início do ano muito grande pelo Hamilton na Ferrari. Por que os resultados não estão vindo?
FELIPE GIAFFONE - O Hamilton venceu uma sprint que nem contou como vitória e, no último GP, estava visivelmente chateado, dizendo que era o pior carro que já pilotou. A fase dele na Ferrari não é boa, o que já era esperado, já que o Leclerc é muito rápido e já tinha superado o Vettel.
Agora, no fim da carreira, ele chega a uma equipe nova, ainda sem se adaptar ao efeito solo e vindo de uma fase ruim na Mercedes. Pelas entrevistas, dá pra ver que ele não está animado — e, depois de tudo o que conquistou, é natural desanimar ao enfrentar tantas dificuldades.
A TRIBUNA - O que esperar do futuro dele?
FELIPE GIAFFONE - Ele vai esperar 2026. Se perceber que voltou a ser competitivo, pode continuar por mais alguns anos. Mas, se seguir nessa fase desanimada e sem apoio da equipe, não vejo motivo para ele ficar. Acho que ele está cada vez mais focado em ações sociais.
A TRIBUNA - E após um bom 12º lugar na última corrida, o que esperar do nosso Gabriel Bortoleto?
FELIPE GIAFFONE - A atualização da Sauber funcionou, mas a estratégia teve sorte
Tentaram fazer a corrida com uma parada só, enquanto o Verstappen parou várias vezes. O Bortoleto perdeu ritmo, mas insistiram para ele ficar na pista, e no fim teve que parar de novo — erraram.
Ele ainda precisa melhorar no controle de corrida, o que é natural. Especialistas dizem que o piloto só entende bem os pneus a partir do terceiro ano. Mas o Gabriel merece crédito: ganhar F3 e F2 no primeiro ano foi incrível, e seu ritmo de classificação já é forte, sempre próximo ao Hulkenberg.
A TRIBUNA - E a expectativa para o ano que vem, com um novo regulamento?
FELIPE GIAFFONE - O que eu torço é que ele consiga manter o equilíbrio na Fórmula 1. A gestão americana tem trabalhado para evitar grandes desigualdades no grid. Como o regulamento é novo, pode ser que uma ou duas equipes se destaquem e as outras fiquem para trás.
Mas o lado positivo é que já estão prevendo isso: se uma fábrica tiver déficit de potência, terá permissão para desenvolver mais e tentar alcançar as rivais. Isso é essencial para manter a competitividade da categoria.
A TRIBUNA - E para finalizar, quais são as principais características do GP do Canadá, na semana que vem?
FELIPE GIAFFONE - O Canadá é uma pista muito bacana, uma das poucas do calendário da Fórmula 1 em que eu já andei. A cidade é legal, o circuito também — meio de rua. Agora, é difícil dizer, mas dá pra ver que está complicado bater a McLaren — eles devem estar fortes de novo.
A briga entre Ferrari, Verstappen e Mercedes continua bem próxima, o que é ótimo. E estou torcendo muito para que essa atualização da Sauber funcione.
Quem é ele?
Felipe Giafonne nasceu em São Paulo e tem 50 anos de idade;
Já foi piloto de Fórmula Indy e tetracampeão da Fórmula Truck;
Lidera a Copa Truck de 2025, competição que ele já é tricampeão;
Comentarista de automobilismo da TV Tribuna/Band, sobretudo de Fórmula 1 e Stock Car.
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