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Doutor João Responde

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Colunista

Dr. João Evangelista

“Envelhecer é cansar-se de si mesmo”

Confira a coluna desta terça-feira (10)

Doutor João Evangelista | 10/12/2024, 14:58 h | Atualizado em 10/12/2024, 16:04

Imagem ilustrativa da imagem “Envelhecer é cansar-se de si mesmo”
João Evangelista Teixeira Lima é clínico geral e gastroenterologista

Acumulando anos de vida, sinto-me a vontade de falar sobre velhice; tanto diante do espelho quanto dialogando com meus pacientes.

Como se envelhecer fosse um sintoma, alguns idosos, mesmo saudáveis, buscam tratamento para essa contingência da vida.

Embora a senescência necessite de prevenção e a senilidade precise de cuidados médicos, envelhecer é um processo fisiológico.

Morrer jovem o mais velho possível não significa enganar o tempo, mas aceitar sua previsível agem. A estrada do desenvolvimento humano é pavimentada com renúncias.

A grande surpresa é o fato de esperarmos que não seja assim. Amadurecer significa ganhar para depois abandonar as mais caras aspirações.

Crescer significa adquirir habilidade para conseguir o que se deseja dentro dos limites impostos pela realidade; afinal, a vida é, na melhor das hipóteses, um sonho sob controle.

Semana ada, durante a consulta, perguntei para uma tristonha idosa: Em que posso ajudá-la?

“Estou sentindo dor na vida. Minha existência está enferma”, lamentou.

“O que estou fazendo neste corpo gasto pelo tempo”. “Ontem eu tinha 18 anos”. “Mal comecei a dançar, já era hora de acabar o baile”. “Enquanto estava resolvendo quem eu ia ser quando crescesse, meu viço desapareceu e aqui estão meus joelhos enrugados”. “Enquanto eu pensava que ainda era jovem, meu futuro virou ado”. “Tudo isso me amedronta.”

Em cada dor, em cada mudança, em cada limitação, vemos indicações da nossa mortalidade. A vida é fatal. O tempo mutila aquilo que fomos. Ainda assim, devemos fazer as pazes com ele.

“Quando surge uma nova incapacidade, olho em volta para ver se a morte já chegou, e digo em voz baixa”: “Morte, é você que está aí?”. “Não seja boba”: “Sou eu, o tempo que se alimenta de ti”.

Algumas pessoas mergulham na velhice aos sessenta anos, condenando a si mesmas a uma morte em vida; enquanto outras, aos noventa anos, ou até o último suspiro, vivem o máximo possível.

A vaidade também nos faz envelhecer. Começamos a envelhecer nos olhos das outras pessoas, e então, lentamente, amos a pensar como elas.

O tédio também é um poderoso fertilizante da velhice. Afastá-lo é nossa responsabilidade. O ser humano nunca é um produto acabado.

A conscientização da mortalidade pode enriquecer nosso amor pela vida. Assim como a morte é inaceitável, qualquer justificativa para negá-la também é inaceitável.

É natural ter medo do “não ser”. Separações durante a vida são os primeiros exemplos amargos da morte. Infelizmente, a terra que nos nutre, um dia vai reclamar seu quinhão. Morrer é o preço que pagamos para viver. Envelhecer é viver um tempo, aquele período de cada um para construir sua história pessoal.

Sabendo que eu não pretendo me aposentar tão cedo, um paciente perguntou: “Apesar da idade, o senhor ainda estuda muito, não é, Dr. João?”.

“Eu quero entrar no paraíso mais sábio”, respondi. Por esse motivo, quanto mais velho eu fico, mais velho eu quero ficar.

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